Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda nenhum tipo de bronzeamento
É preciso ficar com os nervos à flor da pele com a aprovação pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro do projeto que busca autorizar o uso de equipamentos de bronzeamento artificial. A SBD manifestou seu repudio ao projeto.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) emitiu um alerta de que qualquer grau de exposição à radiação solar sem proteção poderá determinar queimaduras solares, envelhecimento precoce e, ainda, aumentar o risco de se desenvolver um câncer da pele. De acordo com a entidade, os danos são ainda maiores, quando a exposição é feita de forma artificial em pessoas com a pele mais clara.
O repúdio ocorreu em virtude da aprovação, em primeira votação pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de um projeto que autoriza o uso de equipamentos de bronzeamento artificial para fins estéticos. A SBD destaca que desde 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o bronzeamento em câmaras artificiais no Brasil para fins estéticos. A proibição tem como fundamento a classificação da radiação UV como cancerígena, feita pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%)”. Embora os cânceres não melanoma sejam considerados menos graves, sua presença em áreas delicadas, como pálpebras, orelhas, lábios pode levar a cirurgias desfigurantes.
Segundo a INCA, o melanoma representa cerca de 4 % dos canceres da pele. Embora seja menos comum, ele é o mais grave, já que tem grande probabilidade de provocar metástases, isto é, disseminação para outros órgãos, e levar ao óbito.
O Dezembro Laranja é uma parte do esforço da Sociedade Brasileira de Dermatologia para orientar a prevenção dessas formas de câncer. A liberação dos equipamentos de bronzeamento artificial vai na contramão dessa linha de atuação.
“As máquinas de bronzeamento funcionam como um sol artificial, mas com alta concentração de radiação ultravioleta, muito superior ao que ocorre quando se está exposto ao sol de maneira natural durante período semelhante, provocando agressões significativas à pele, com graves consequências a médio e longo prazo, por isso reforçamos o perigo do uso desses equipamentos pela população”, afirma o presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves.
De acordo com a Dra. Rosana Lazzarini, membro da diretoria da SBD, as pessoas que se utilizam desses equipamentos expõem o corpo todo, o que aumenta a chance da ocorrência de cânceres em áreas normalmente não expostas, além de provocar o envelhecimento da pele como um todo, com rugas profundas e manchas. “Além disso, se essas pessoas forem tabagistas o impacto ainda é mais significativo”, afirma
O Poder Judiciário já se manifestou a respeito do tema, declarando que a ANVISA não extrapola o seu poder de polícia regulamentar, ainda mais quando se sabe que a Resolução nº 56/2009 foi pautada em estudos científicos. O próprio STJ já se manifestou pela legalidade e legitimidade da ANVISA para impor limites em relação aos procedimentos que possam prejudicar a saúde humana, como é o caso da RDC nº 56/2009 – ANVISA.
Ou seja, tanto o Poder Judiciário, quanto os órgãos de fiscalização, entendem que permitir a utilização desses equipamentos expõe a população a sérios riscos, favorecendo o desenvolvimento de diversos tipos de câncer de pele.
A SBD se posiciona veementemente contra essa liberação, enfatizando que tal decisão compromete a saúde pública e coloca em perigo a vida da população, reiterando-se o já exposto na nota técnica anteriormente publicada (https://www.sbd.org.br/consequencias-do-bronzeamento-para-a-pele-nota-tecnica-sbd/).
Veja algumas formas saudáveis e seguras de bronzeamento
A Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda o bronzeamento. Existem. Porém, outras formas de se bronzear sem prejudicar a saúde da pele, como os autobronzeadores (removíveis após lavagem), que são cremes que contém substâncias corantes que não prejudicam a pele. Ainda assim, a SBD diz que é preciso aplicá-lo o mais homogeneamente possível, para evitar manchas.
Há também os bronzeamentos a jato, conhecido em alguns salões como jet bronze, quando são aplicadas substâncias que deixam a pele corada (mais permanente e que sai com o passar do tempo). A SBD alerta que o bronzeamento a jato não protege a pele do sol. As pessoas que optam por esse tipo de procedimento também precisam utilizar protetor solar (fator igual ou maior que 30) sempre que forem se expor ao sol.
Confira algumas das dicas da SBD:
1. Ingerir alimentos ricos em antioxidantes como betacaroteno, presente nas frutas e legumes alaranjados (mamão, cenoura, abóbora), faz com que ele se deposite nos tecidos de maneira uniforme, levando a uma tonalidade levemente alaranjada da pele. O uso desses alimentos não implica em segurança para exposição solar
2. Passar protetor solar com FPS maior ou igual a 30 e reaplicá-lo a cada duas horas sempre que for se expor ao sol e após contato com a água ou sudorese intensa. Isso ajuda na prevenção de doenças da pele, como queimaduras e câncer de pele. O FPS será maior quanto mais clara for a pele. Sendo assim, peles muito claras precisam de produtos com proteção > 50.
3. Espalhar homogeneamente os autobronzeadores e protetores solares para evitar manchas e acidentes com a exposição solar, como queimaduras em áreas onde não foi aplicado o protetor, como o dorso dos pés.
4. Evitar tomar sol entre 9h e 15h, devido aos altos índices de radiação ultravioleta.
5. Hidratar a pele após a exposição solar protegida.
Para saber mais sobre uma rotina adequada de cuidados com a pele, cabelos e unhas acesse as redes sociais @dermatologiasbd e o site www.sbd.org.br.
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