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Kaká Werá lança o livro “O Trovão e O Vento”

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 Na obra, o escritor, educador e empreendedor social apresenta e comenta os cerca de 50 cânticos milenares, fundadores e estruturadores da tradição tupi-guarani. Segundo Kaká Werá, índio tapuia, “O Trovão e o Vento” levou 12 anos de pesquisa, curiosamente uma pesquisa que traz 12 mil anos da experiência da presença tupi-guarani na América Latina, predominantemente no Brasil.

 

Autor: Kaká Werá
Nome da obra: “O Trovão e o Vento – um caminho de evolução pelo xamanismo tupi-guarani

Idiomas: português e tupi
Editora:
Polar Editorial
Edição:
1ª /2016
Formato: Livro
Encadernação: ENCADERNADO
Dimensão: 22x17cm
Número de páginas: 252 pg.
ISBN:
85-86775-26-0

Preço: R$ 68,00

Para adquirir o livro: pelo site www.polareditorial.com.br, pelo e-mail polareditorial.com.br e pelo telefone da editora: 11-3816-3018. O livro também está à venda nas lojas e sites das Livraria Cultura, da Livraria Saraiva, da Livraria da Vila e da Livraria Martins Fontes.

 

O escritor, educador e empreendedor social Kaká Werá lançou um novo livro, “o trovão e o ventoum caminho de evolução pelo xamanismo tupi-guarani”, primorosa edição da Polar Editorial. Em São Paulo, o lançamento e sessão de autógrafos aconteceu no dia 30 de agosto, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. A obra (R$ 68,00, 252 páginas) contém os preciosos fundamentos de uma das grandes tradições espirituais da América do Sul: a tradição ancestral tupi-guarani! O autor, em seu sétimo livro, apresenta e comenta os cerca de cinquenta cânticos multimilenares fundadores e estruturadores da tradição tupi-guarani

De acordo com Roberto Crema, reitor da Unipaz, nesta época de crise e transição, é fundamental resgatar as raízes culturais brasileiras. “O resgate das culturas ancestrais é um dos pilares do paradigma transdisciplinar, que permite um diálogo aberto, plural, rigoroso e respeitoso entre a ciência e as tradições espirituais ancestrais, e isso se mostra fundamental, pois o que se encontra em jogo é o futuro das novas gerações. Precisamos ouvir não apenas as vozes dos cientistas, mas também aquelas dos portadores das profundas sabedorias da terra, guardiões de uma ética natural da sustentabilidade do Planeta”, afirma (ler texto completo, da contracapa do livro, mais abaixo no release).

Para Kaká Werá, quem vê os guaranis do século XXI, pressionados pela voracidade da atual civilização, não tem a menor ideia da longevidade de suas raízes e da profundidade de seus saberes. “Esse livro levou 12 anos de pesquisa, curiosamente uma pesquisa que traz 12 mil anos da experiência da presença tupi-guarani na América Latina, predominantemente no Brasil. Então ele fala sobre a cosmovisão e a filosofia, o pensamento dessa cultura tupi-guarani, que é uma cultura de raiz nossa, a cultura que funda o Brasil”, afirma o autor, que acrescenta: “a ideia principal desse livro é mostrar para a sociedade de um modo geral que a tradição indígena é complexa no seu pensamento, embora simples na sua expressão. Ela fala sobre a visão dessa cultura sobre a origem do universo e do homem, sobre a presença e a importância da comunidade indígena nos ecossistemas, e por que que a cultura indígena trata a terra como uma Inteligência, como uma Consciência e como uma Entidade, já que na cultura indígena a terra é um grande ser, é a nossa mãe”.

Kaká afirma que os cânticos apresentados no livro também demonstram que esses os povos – “nossos antepassados” – não foram, como está no imaginário de parte da sociedade, comunidades vivendo na barbárie. “Na verdade, deixaram tecnologias sociais de relacionamento com o solo e com os ecossistemas, baseadas no manejo e no cuidado com a terra, que podem inspirar as gerações presentes e futuras em um relacionamento mais equânime e sustentável com esse lugar em que vivemos, que é nossa casa sagrada”.

Durante sua longa pesquisa, Kaká visitou diversas aldeias guaranis, do Espírito Santo ao Paraguai. Depois, traduziu os cânticos do tupi-guarani para o português. A obra foi escrita devagar e o autor sempre buscou confirmações das afirmações que estão contidas nas suas páginas. A ideia do livro também é mostrar para as pessoas que a tradição indígena não é formada só por lendas.  “No livro não há lendas, e sim fundamentos de uma filosofia. Os textos que estão na obra se chamam, na língua guarani, ‘Ayvu Rapyta’ (Os Fundamentos do Ser”) e revelam uma filosofia rica e complexa. Esses cânticos, que até o início do século 20 nunca haviam sido escritos, eram parte da ‘estratégia pedagógica’ que os antigos sábios encontraram para difundir uma sabedoria e deixá-la marcada, já que quando você ouve uma música várias vezes acaba decorando essa canção e ensinamento nela contido”.

Segundo o escritor, desde os últimos 200 anos de peregrinação tupi-guarani, existe uma profecia que fala do retorno de Tupã ao coração dos Homens, para iniciar ‘a quarta humanidade’. De acordo com essa antiga tradição, Tupã é um dos nomes do Grande Espírito, do Sagrado Mistério, da causa de toda emanação de vida. “É a Consciência Infinita, presente, mas adormecida em nossos corações e mentes, que precisa ser despertada”, afirma Kaká Werá.

“Existe uma via chamada ‘Apecatu Ava-porã’, que significa ‘O Caminho do Homem Sagrado’. É um método de aprimoramento pessoal em que a natureza e suas forças apoiam o ser humano em seu alinhamento, despertar e integração da consciência a partir de músicas, meditações e sons apropriados. Para isso, ‘há que se conhecer o Trovão e o Vento’, diziam os antigos mestres”, escreve Kaká Werá na apresentação da obra.

No texto de Kaká, o Trovão representa o despertar da força interior, enquanto o Vento representa o despertar da suavidade interior. “Para que a força e a suavidade do indivíduo floresçam, é necessário que ele conheça os princípios de Tupã, purificando sua consciência pela poesia direta que emana da natureza. Mas há que se abrir para ela!”, diz Kaká Werá.

 

 

 

Kaká Wera
Kaká Wera

Kaká Werá Jecupé (Kaká Werá), é índio tapuia, escritor, empreendedor social, educador e psicoterapeuta.

Nascido em 1º. de fevereiro de 1964, em São Paulo, viveu a juventude entre os guaranis, no bairro de Parelheiros, na capital paulista. Na década de 80, viveu com os guaranis de São Paulo, na aldeia Morro da Saudade (Tenodé Porã). Durante 12 anos estudou e pesquisou a sabedoria ancestral tupi-guarani, o Ayvu Rapyta (Os Fundamentos do Ser), entre as aldeias do Rio Silveira (São Paulo), Morro dos Cavalos (Santa Catarina),  Coqueiral (Espírito Santo) e do Paraguai.

No início de 90, criou a primeira editora indígena do País, a Nova Tribo, pela qual publicou, em 92, o romance autobiográfico “Oré Awé – Todas as vezes que dissemos adeus”, em edição bilíngue (português/inglês). Depois, a obra foi publicada pela editora Triom. O primeiro livro de Kaká e a editora indígena impulsionaram um movimento que culminou no estímulo e fomento de escritores indígenas. Anos depois, a Nova Tribo se transformou no Instituto Arapoty.

Kaká Werá também escreveu a “A criação do mundo segundo os guaranis – A Voz do Trovão” (2013), publicado pela Editora Antroposófica em conjunto com o Instituto Arapoty, em edição bilíngue (português e alemão) e, pela editora Peirópolis, “As Fabulosas Fábulas de Iauaretê” (infantil, 2007), “A Terra dos Mil Povos” (1982, Paradidático) e “Tupã Tenondé” (1998, filosofia tupi-guarani).  Com participação de Moreno Veloso, Kaká lançou há sete anos, pela Azul Music, o belo e original CD “Porã-Hei”, que pode ser encontrado em sebo virtual. “Agora lanço essa nova obra – “o  trovão e o vento”, baseada em décadas de estudo em diversas aldeias indígenas”, diz Kaká.

Dois dos livros de Kaká Werá, “A Terra dos Mil Povos” e “As Fabulosas Fábulas de Iauaretê’, são reconhecidos pelo Ministério da Cultura e pela Fundação Nacional do Livro Infanto e Juvenil como “altamente recomendáveis” e venderam mais de 300 mil exemplares no Brasil, além de terem sido traduzidos para o francês e o alemão.

Kaká foi nas últimas eleições o primeiro índio candidato ao Senado (pelo PV, para São Paulo) na história do País.

Há mais de 20 anos, atua como empreendedor social, unindo equilíbrio ecológico, valorização de culturas e geração de renda. Atua em projetos em diversos estados do País, especialmente São Paulo e participa como professor e facilitador de seminários e cursos no Brasil e no Exterior.

Como empreendedor teve suas ações premiadas com o troféu Transformadores, da revista “Trip”, e também pela Ashoka Empreendedores. É membro do Colégio Internacional dos Terapeutas; especialista em Educação em Valores Humanos pela Fundação Peirópolis; em Cultura da Paz, pelas Unipaz; e em Coaching Evolutivo pelo Idecoh, licenciado pela Behavioral Coaching Institute (EUA).

 

Sobre “o trovão e o vento”, por Roberto Crema, reitor da Unipaz

“Nesta época de crise e transição, necessitamos resgatar as nossas raízes culturais, pois elas contêm a seiva do nosso porvir. O resgate das culturas ancestrais é um dos pilares do paradigma transdisciplinar, que permite um diálogo aberto, plural, rigoroso e respeitoso entre a ciência e as tradições espirituais ancestrais, e isso se mostra fundamental, pois o que se encontra em jogo é o futuro das novas gerações. Precisamos ouvir não apenas as vozes dos cientistas, mas também aquelas dos portadores das profundas sabedorias da terra, guardiões de uma ética natural da sustentabilidade do Planeta.

“Na tradição tupi-guarani, o Trovão e o Vento simbolizam a força e a suavidade no interior de nós, análogos ao Yang e ao Yin da sabedoria taoista, ambos expressão do mesmo Logos (do Primeiro Trovão, do Grande Som Primeiro: Tupã Tenondé), que nos informa e nutre, alento ou potência essencial proveniente  do Grande Mistério (Nhamandú). De sua sagrada e criativa conjunção que emerge do Silêncio gerador brotam os ciclos regenerativos, a visão profunda e altiva, a palavra que circula, a ética da singularidade na diversidade, a circularidade do sonho e da vigília, a arte do serviço – viço do ser -, a fraternidade e o próprio fluxo perene das forças vitais.

“Está obra constela, com a fluidez, a lucidez e a beleza de um poema, alguns ensinamentos básicos provenientes desse mistério que a tradição tupi-guarani chama de ‘Grande Som Primeiro’ (Tupã Tenondé), que é a primeira expressão do Imanifestado (Nhamandú). É também um poema inspirado e impulsionador ao caminho da inteireza do Ser humano, por meio do qual Tupã Tenondé – simbolizado pela leve e forte imagem do colibri vestido de arco-íris – indica-nos uma senda de autoconhecimento e de realização integral, sustentada por estratégias de cuidado global da natureza humana: cânticos, danças, preces, ritos e estórias encantadas que têm por finalidade o cultivo do silêncio interior que permita que o ego execute, a alma inspire e o Espírito reja.

“Tenho o privilégio de conviver e de caminhar em profunda sinergia, por mais de duas décadas, ao lado do seu autor, Kaká Werá, de origem tapuia, mestre na cosmovisão tupi-guarani e no campo da ecossustentabilidade, terapeuta e educador ambiental, mentor do programa de Tradição e Medicina Ambiental da Unipaz do Rio de Janeiro, que encarna a Cátedra Indígena da Unipaz matriz do Distrito Federal. Nas suas palavras: ‘Quando o Trovão criativo interior se harmoniza com o Vento vivente que é o Espírito, tudo flui’. Honro, agradeço e reverencio.”

Alguns fatos interessantes na trajetória de Kaká Werá

1 .  Encontrou quatro vezes com o Dalai Lama: duas no Brasil, uma na França e uma na Índia. O encontro na França foi a convite de Danielle Mitterrand, onde Kaká participou com Dalai Lama de uma mesa redonda sobre a Cultura de Paz;

  1. Kaká foi amigo, desde 2001, de Danielle Miterrand, que apoiou diversos projetos sociais no Brasil;
  2. Em 1998, Kaká Werá foi um dos fundadores na ONU da URI (United Religions Initiative), que existe hoje em mais de 50 países e luta contra todo tipo de dogmatismo e fundamentalismo religioso;
  3. Desde 2003 é conselheiro da Bovespa Social e Ambiental, que já apoiou projetos ambientais pelo Brasil;

5 – É, além de empreendedor social, ambiental e cultural, escritor. Publicou os seguintes livros: “Todas as Vezes que dissemos Adeus” (1992), “A Terra dos Mil Povos” (1996), “Tupã Tenondé” (1998), “As fabulosas fábulas de Iauaretê” (2007) e “A criação do mundo segundo os guaranis – A voz do Trovão” (2013).

6 – Criou a primeira editora indígena do País, a “Nova Tribo”, que se transformou no Instituto Arapoty e que fomentou o surgimento de novos escritores indígenas (hoje são mais de 40 no País);

7 – Deu palestras, cursos e workshops em dez países: Inglaterra, Estados Unidos, França, Escócia, Índia, México, Israel, Paraguai e Argentina, algumas delas em universidades, como Oxford, Stanford e Lille;

8 –  Kaká Werá coordena um projeto para que a Lei Federal 11645/2008 seja cumprida. A Lei determina que as Escolas devem ter em suas grades curricular o ensino das contribuições das culturas indígenas e afrodescendentes na formação da cultura brasileira. “Nossa ação passa basicamente por dois movimentos: a conscientização das autoridades de ensino e diretores das escolas sobre a obrigatoriedade do cumprimento da Lei e a aplicação de conteúdos que preparam os professores e os próprios diretores para a abordagem desses temas tão relevantes nas escolas”, diz Kaká Werá;

9 – Ativista social e escritor, Kaká Werá prepara, em parceria com a UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e a UNB (Universidade de Brasília) um EAD (ensino à distância), cujo conteúdo aborda a contribuição indígena para a formação cultural do País, que será disponibilizado gratuitamente para professores e diretores de todo o País;

10 – Participou de novelas e programas da televisão brasileira:  “O Guarani”,  TV Manchete (1989 – no elenco);  “A Muralha”, TV Globo (2003 – consultoria), “O Rei do Gado”, TV Globo (consultoria) e “O Sagrado”, Fundação Roberto Marinho;

11 – Fez com Moreno Veloso o cd “Porã-Hei – A Tradição do Sol, da Lua e dos Sonhos”. O cd mesclou cantos indígenas e música eletrônica.  (Kaká também compôs a música “Tupã”, com Naná Vasconcelos, para o cd “Trilha”, do percussionista;

12 – Os livros de Kaká foram adaptados para duas peças de Teatro: “Oca”, direção de Abílio Tavares, do Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP), encenada pelo grupo “Contadores de Histórias”; “Corpos de Luz”, adaptação de “Tupã Tenonde”, feita por Paula Vital, com participação de Nana Vasconcelos. Além disso, Kaká escreveu “Morená”, baseado no mito de criação do mundo do povo “Kamaiurá”, encenado pelo grupo Arapoty;

13 – O escritor e empreendedor ambiental, social e cultural Kaká foi, nas últimas eleições, o primeiro índio candidato ao Senado (pelo PV, para São Paulo) na história do País. Alcançou um número bem expressivo de votos;

14 – Em 2014 foi, através do Instituto Arapoty,  tema do documentário “O Povo Dourado somos nós”, baseado no seu livro “A criação do mundo segundo os guaranis” (2013).

 

Um pouco da minha história, por Kaká Werá

Um dos meus principais trabalhos se relaciona diretamente com a natureza. Há mais de duas décadas conduzo grupos de pessoas para as matas, através de trilhas e clareiras, em roteiros com o propósito de sensibilização, contemplação e de autoconhecimento. Sempre integrando a paisagens naturais uma sabedoria ancestral, que convencionamos chamar de indígena, mas que vem de diversas culturas nativas brasileiras, predominantemente tupi e tapuia.

Desde 1994 tenho abordado atividades pelo enfoque em valores humanos e cultura de paz, quando comecei na Fundação Peirópolis de Educação em Valores Humanos e na Unipaz; organizações que atuo até hoje. Estas instituições me propiciaram um aprofundamento em estudos nas tradições indígenas do Brasil e me deram a oportunidade de difundi-las em cursos, seminários e imersões.

No entanto, além de professor e facilitador de seminários e cursos; desde meados dos anos 80, com o povo guarani de São Paulo, destino considerável parte do meu tempo em projetos sociais em comunidades indígenas. Os povos do Sudeste e do Nordeste também têm sido o meu foco de atuação e desenvolvimento de pequenos suportes, na maioria das vezes voluntários.

As comunidades indígenas de modo geral são extremamente dependentes de programas assistencialistas governamentais há décadas, e isto enfraqueceu não somente a identidade cultural, mas também a dignidade social de diversas etnias; influenciando diretamente em sua capacidade de sustentação econômica e ecológica. Quando percebi este quadro, no fim dos anos 80, juntamente com amigos, e depois com minha família, colocamos em curso uma série de iniciativas em direção à valorização cultural e geração de renda. Foi assim que passamos a fomentar apresentações culturais para os guaranis, kariris e pataxós. Estimulamos a gravação de CDs, produção de livros, inserção em seminários, fóruns e congressos.  E isto causou um choque em uma parcela da sociedade, que via na época, início dos anos 90, o índio como algo fadado à extinção ou cuja cultura não poderia transcender os limites de seus modos tradicionais de vida.

Neste período, alguns povos começaram a buscar alternativas sustentáveis e foram criando certa independência social. Esse fenômeno aconteceu simultaneamente na Amazônia, no Nordeste, no Sudeste e nas áreas urbanas. E modelos se influenciaram mutuamente. Em minhas empreitadas pelas aldeias sempre coloquei a importância de aliarmos três causas: a questão da cultura, a questão da educação e a questão do ambiente. Entendia a cultura como uma qualidade imprescindível e local a ser cuidada; a educação como uma ferramenta de combate a distorções históricas em relação às nossas raízes afro-tupi que geraram discriminações e desestruturações sociais; e o ambiente como um bem global a ser manejado com sabedoria e cautela.

Com o passar do tempo, projetos e ações foram realizadas, e com isso vieram alguns inesperados reconhecimentos. Em 2003, a Bovespa criou um braço de apoio a projetos ambientais para organizações do terceiro setor e chamou-me para ser um dos doze conselheiros. Em seguida, 2005, a Ashoka Empreendedores Sociais, entidade de reconhecimento mundial, honrou-me com a valorização e premiação da ideia que gerou uma nova tecnologia social voltada para as comunidades, com as quais eu trabalhava na época e que foi aperfeiçoada através do Instituto Arapoty.  Descobri que era um empreendedor social ao unir equilíbrio ecológico, valorização de culturas e geração de renda. Fui chamado para falar disso em diversos países, como Estados Unidos (em San Francisco, Stanford), França (na Unesco) e Inglaterra (Oxford) em ambientes de públicos diversos, como líderes religiosos, líderes do terceiro setor e empresários.

Em 2010, a revista “Trip” reconheceu o conjunto de ações que desempenhava como transformadoras da sociedade, o que para mim e a equipe de trabalho que me acompanha há décadas, foi uma grata e feliz surpresa.

Nessa época, comecei a achar que passava da hora de haver uma política pública que saísse de premissas assistencialistas para um novo paradigma: o empreendedorismo sustentável e cooperativo. Já exitiam algumas experiências de sucesso com o Instituto Arapoty e com aliados “A Gente Transforma”, onde sou parceiro de Marcelo Rosenbaum em seu programa social; e o Instituto Elos, onde há 14 anos formamos na “Escola de Guerreiros sem Armas”, um novo tipo de protagonismo juvenil, com foco na “cooperatividade” e desenvolvimento da cultura de paz.

De 1994 a 2014 trabalhamos em cerca de 90 pequenas comunidades: indígenas, rurais, favelas, cortiços, caiçaras, populações ribeirinhas…; recuperando valores culturais e dignidade social. Foram mais de dez mil famílias que se tornaram gestoras de sua condição econômica e cultural. Projetos realizados com voluntarismo, poucos recursos financeiros iniciais e respeito à diversidade. Estas iniciativas fecundaram em mim uma síntese de experiências passíveis de colaborar também em propostas de políticas públicas.

 

Sobre a Polar Editorial, por Américo Sommerman, editor

Desde a sua criação, em janeiro de 1996, a Polar Editorial (www.polareditorial.com.br) tem por objetivo demonstrar que a Sabedoria que muitos têm buscado nas tradições espirituais orientais também está presente em grandes obras e autores das tradições espirituais ocidentais, ou seja, em nossas próprias raízes culturais; e que essa Sabedoria, apresentada com diferentes roupagens, conforme o lugar, a época e a cultura em que foi veiculada, é essencialmente a mesma em todos os tempos e lugares.

Por isso, a Polar tem uma Linha Editorial muito definida: publicar grandes obras e autores das tradições espirituais do Ocidente que fazem parte das raízes culturais brasileiras, mas que ainda são inéditas em nossa língua.

A Polar Editorial, que este ano completa duas décadas de existência, sempre se manterá fiel a este objetivo. Publicará poucos livros por ano (foram 20 livros em 20 anos) e não modificará sua Linha Editorial, independentemente da maior ou menor venda de seus títulos, na intenção primeira de contribuir para o aprofundamento e a ampliação das perspectivas culturais brasileiras.

Os livros publicados pela Polar Editorial são os seguintes: “O Trovão e o Vento:  um caminho de evolução pelo Xamanismo Tupi-Guarani”, de Kaká Werá (252 páginas, 2016); “O Zohar” (O Livro do Esplendor), do Rabi Shimon Bar Yohai (362 páginas, 2006); “A Vida Tripla do Ser Humano”, de Jacob Boehme (375 páginas, 2016); “Os Três Princípios da Essência Divina”, de Jacob Boehme (560 páginas, 2003), “As Quarenta Questões sobre a Alma”, de Jacob Boehme  (286 páginas, 2005); “A Arte Sagrada de Shakespeare”, de Martin Lings (333 páginas, 2004), “Tratados de Enéadas”, de Plotino (188 páginas, 2000); “Meditações sobre o Tratado da Pedra Filosofal de Lambspring” – Volume I e II, de Patrick Paul  (Vol. I com 232 páginas, 2014; Vol. II com 256 páginas, 2016); “A Iniciação dos Cavaleiros e a Iniciação dos Reis na Cristandade Medieval, de Gérard de Sorval” (200 páginas, 2014); “A Teologia Mística”, de Dionísio Pseudo-Areopagita (80 páginas, 2015); “Revelações sobre o Antigo Testamento”, de Anna Katharina Emmerick (200 páginas, 2015); “A Hierarquia Celeste”, de Dionísio Pseudo-Areopagita – Século VI (128 páginas, 2015); “As Doze Chaves da Filosofia: sobre a Verdadeira Medicina Metálica”, de Basílio Valentim – 1394-? (144 páginas, 2016), “A Revelação do Grande Mistério Divino”, de Jacob Boehme (172 páginas, 1998), “A Senda do Homem Celeste”, de Johan Georg Gichtel (135 páginas, 1996);  “Iniciação à Cabala”, de Tova Sender (120 páginas, 2016); “Sabedoria Tradicional & Superstições Modernas”, de Martin Lings (124 páginas, 1997), “Os Diferentes Níveis de Realidade”, de Patrick Paul (88 páginas, 1998); “A Aurora Nascente”, de Jacob Boehme (580 páginas, 2011) e “O Ornamento do Casamento Espiritual”, de Jan Van Ruysbroeck (223 páginas, 2014).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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