Giro de Notícias

Tome cuidado ao soletrar as palavras (da página de humor no Face “Umazinha só! Mas todos os dias”)

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A colega jornalista tem um sobrenome difícil e começa a soletrá-lo pelo telefone:
– V, de vaca…
Interrompo-a rapidamente:
– Você não tem nada mais edificante para falar sobre teu nome?
Ela não compreende.
– Como assim Gontof?
– A não ser que você seja hindu, aqui vaca não é propriamente um nome sagrado. Pelo contrário…
– Ainda não entendi… – repete
– Já pensou se soletro meu sobrenome assim: ´G, de gatuno; O, de oportunista; N, de nazista; T, de tarado; O, de oportunista; e F, de falso? O que tu acharias de mim?
Ela fica espantada, confessa que nunca tinha pensado nisso e afirma que mudará a forma de ditar as letras do nome de familia.
– Há quanto tempo falas V de Vaca? – indago.
-Ai, meu Deus…há pelo menos 10 anos!

Sempre achei que a forma de soletrar o próprio nome diz um pouco, ou muito, do que somos.
O que pode ser uma bobagem, especialmente quando planejamos o sentido de cada coisa, quando arquitetamos o significado de cada palavra. Ou melhor, de cada letra.
O fato é que nos meus longos anos de solteirice, eu soletrava meu sobrenome assim:
– Gontow: G, de Gisele; O, de Odete; N, de Nádia; T, de Tereza; O, de Olívia e W, de Wanda…
Achava que isso provocava na mulherada uma espécie de curiosidade ou frisson sexual. “Nossa, esse cara só pensa em mulher!!!”
Provavelmente pensavam assim:
– Que babaca!
Até tinha consciência de que talvez estivesse errado.
Mas não resistia e insistia no método. E por um breve período – apenas dos 18 aos 39 anos – usei rotineiramente essa tática.

Hoje, aos 51 anos, casado, e saindo finalmente da adolescência, ainda me pego soletrando cientificamente meu sobrenome (Gontow, o verdadeiro; ou Gontof, o atrelado à minha empresa) para causar boa impressão.
Como cerca de 40% dos clientes da minha assessoria de imprensa são bares e restaurantes, ao prospectar clientes, após dizer meu sobrenome, soletro , vagarosamente:
– G, de gengibre; O, de ovo; N, de nutella; T, de torresmo; O, de ostra e F, de feijão….

De fato, eu não resisto. Ao menos, não começo a soletrar assim: G, de gororoba…

 

(a “Umazinha só! Mas todos os dias” é uma página de humor publicada diariamente no facebook pelo jornalista e cronista Airton Gontow. Para recebê-la diariamente é só clicar “curtir” na página. O link da página é https://www.facebook.com/UmazinhaSoMasTodosOsDias).

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